Em agosto, o Cineclube Natal propõe uma nova experiênca aos nossos olhares: é o ciclo temático “Flores do Irã”, iniciado na última sexta-feira, com “O Jarro”, e que continua no próximo domingo, com “Tempo de Embebedar Cavalos”. A sessão começa às 17h, no Teatro de Cultura Popular, na Rua Jundiaí, ao lado da Fundação José Augusto, por módicos R$ 2,00. Programa cinéfilo imperdível.
A seguir, um pouco mais sobre o filme, em texto elaborado por Gian Marchi, também do CCN:
Numa remota vila curda, localizada na fronteira entre o Iraque e o Irã, vivem cinco crianças órfãs de mãe, responsabilizadas pela perda da mula de um contrabandista. Ayoub (Ayoub Ahmadi) e sua jovem irmã Amaneh (Amaneh Ekhtiar-dini) trabalham em um bazar, a fim de juntarem dinheiro para pagar a mula perdida, ao mesmo tempo que precisam cuidar de Madi, o irmão caçula, que sofre de uma grave doença. Quando o pai deles morre, Ayoub precisa cuidar da família, apesar de sua tenra idade, passando a ajudar os contrabandistas, carregando pesadas cargas pelas montanhas até o Iraque e enfrentando a constante ameaça das minas e emboscadas. Mas quando a saúde de Madi piora, a única solução é uma operação no Iraque, a qual Ayoub não tem condições de pagar. Entretanto, uma possível solução surge quando a irmã mais velha das crianças, Rojin (Rojin Younessi) consegue um casamento arranjado no Iraque, com seu futuro marido se comprometendo a pagar a operação de seu irmão. Mas será que o destino será piedoso como essas crianças?
Sem enfeites ou soluções mágicas para os conflitos do filme, este é um relato realista – ao extremo, diga-se. O diretor nos mostra o esforço de crianças órfãs para conseguirem algum dinheiro, em meio às duras condições sob as quais vivem, sem qualquer tipo de assistência – ou mesmo piedade – dos adultos que as cercam. Uma estória deprimente e densa, cruel até, mas que retrata as condições sub-humanas que crianças e animais passam em certos países – mas como se pode falar em direitos dos animais em lugares em que nem seres humanos são levados em consideração? Apesar do tom pessimista, o filme é poético e transparece lindamente na relação afetiva entre os irmãos, trazendo ao espectador algum conforto dentro do seu lirismo. Especial destaque vai para a fotografia, que retrata muito bem a paisagem do noroeste iraniano. Ganhador do prêmio Camera D’Or no Festival de Cannes 2000, foi dirigido por Bahman Ghobadi, o mesmo de “Tartaruas Podem Voar”. E para os curiosos, não se precupem: o título é explicado no filme.
OI, acabei de chegar dessa sessão, gostei muito mais do filme depois da pequena discussão que se formou ao final. Acho que o protagonista é um pouco desaproveitado em função de uma mistura de documentário com ficção que nem sempre dá certo. Por isso, na minha opinião, o filme é pouco apelativo em alguns momentos, justamente por ser sobrecarregado. E nem sempre carregar no drama significa emocionar.
vale a pena ver!!!
beijos, até mais.
Oi, Fernanda! Surpresa boa! Fico devendo discutir o filme com você – não pude ir ao TCP domingo… Quinta-feira teremos André Techiné na Aliança Francesa. Apareça!
Ah, é muito bom ter uma cineasta no Gosto se Discute! 😀 Visite sempre.
Beijo!
Com todo respeito e já que a onda do site é que gosto se discute, espero assistir ao filme em questão para retirar das minhas entranhas o péssimo gosto de chuchu sem sal (com sal também é uma porcaria) que tive de alguns filmes iranianos que assisti.
Minha opinião sobre cinema é a mesma que tenho sobre os livros. O conteúdo, por mais complexo que seja, tem que vir com uma excelente forma de escrita, levando o leitor a viajar na leitura. Caso contrário a coisa fica chata e você começa a contar as páginas pra ver o quanto falta.
Os filmes iranianos passam a sensação de coisa chata e sem tempero. Gosto de temperos.
Esqueci de dizer uma coisa. Quando Fernanda diz “OI, acabei de chegar dessa sessão, gostei muito mais do filme depois da pequena discussão que se formou ao final…”
Gostar mais de um filme depois de uma discussão…a mim parece que esse gostar pegou no tranco. Quando se gosta, se gosta e pronto. Você sai da sala em estado de graça. De outra forma é…bem, não é minha onda. Acredito que a mágica do cinema está no impacto imediato que o filme nos transmite (como na música e na literatura).