Começar o ano com premiação é sempre bom, né? Na madrugada desta segunda (11) ficamos conhecendo os primeiros filmes/séries/profissionais que brigarão, a partir de agora, na corrida de obstáculos que é a série de prêmios que desemboca nos Oscars. Os Golden Globes (Globos de Ouro), prêmio da associação de imprensa estrangeira em Hollywood, não são exatamente uma prévia porque dizem que os vencedores do Oscar são “cantados” ao final do Festival de Toronto. Mas foi nesta madrugada que começou o glamour, tapete vermelho, choradeira, memes…
E a noite foi dele. O meme, claro. Leonardo DiCaprio foi o rei. Mas ainda teve carinha de nojo do Ricky Gervais, Taraji P. Henson distribuindo biscoitos e o look Hebe Camargo da Lady Gaga. Costumo achar que quando uma noite tem muita piada em torno das caras e gafes das estrelas é porque o ano está fraco, mesmo. Poucos filmes realmente significativos, e poucos prêmios que valham a pena.
No entanto, gostei desta edição dos Globos de Ouro porque algumas injustiças foram contornadas. Reconhecer o valor que Sylvester Stallone teve para a indústria (e para a formação, no imaginário coletivo, da imagem do homem que luta e vence) e vê-lo ser ovacionado por seus pares e pela imprensa foi belíssimo. Rocky Balboa levou o prêmio de melhor ator coadjuvante em seu papel por Creed. Além disso, revisitar aquela sequência magnífica de cenas de Denzel Washington, que recebeu o prêmio Cecil B. deMille por sua carreira, foi outro deleite. Denzel é um dos atores mais estáveis em seu alto nível de atuação. Um prêmio merecido pra um ator que foi indicado a 7 Globos e ganhou 2. Ennio Morricone, raramente lembrado, foi reconhecido por seu belo trabalho com a trilha de Os Oito Odiados. Aaron Sorkin, roteirista mestre de séries de TV, ganhou mais uma pro currículo em sua carreira cinematográfica.
Também é importante dizer que, apesar de flertar bastante com o retorno “financeiro” de suas escolhas, a imprensa estrangeira que votou deu seu aval ao novo. Premiou uma série pouco conhecida, Mozart in the Jungle, reconheceu o brilhantismo de Oscar Isaac em Show me a hero, e lembrou de Brie Larson em Room, um filme que estourou em Toronto. E coroou a bela carreira de Mr. Robot, que considero a melhor série do ano passado.
De resto? Tudo como previsto. As piadas do Ricky Gervais são péssimas, um filme que começou como franco favorito – Carol – saiu sem nada e The Revenant começou a correr por fora, com 3 Globos em categorias principais: melhor filme drama, melhor diretor e melhor ator para Leonardo DiCaprio. The Martian ainda surpreendeu e levou 2 Globos, de melhor filme comédia/musical (!) e atuação para Matt Damon.
O saldo positivo é que, assim como em 2014, em que Her, Clube de Compras Dallas e Nebraska despontaram, 2016 é o ano em que deu pra sair da cerimônia com uma listinha de séries e filmes modestos e interessantes pra esperar. Além, claro, de ver mais uma vez o talento brasileiro ser aplaudido em Hollywood, com a indicação do nosso Wagner Moura por seu papel em Narcos. O capitão Nascimento fez bonito no tapete vermelho, por sinal, e mostrou que chegou pra ficar, sem precisar se render ao clichê do astro latino que só faz pontas.
P.s.: As indicações aos Oscars já serão anunciadas nesta quinta-feira, 14 de janeiro. Aguardemos…
P.s.2: Daqui a um mês (11 de fevereiro) começa o festival de Berlim, com júri presidido por Meryl Streep. Este ano teremos novos filmes de Thomas Vinterberg (Dogma 95), André Téchiné e Danis Tanovic.
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