A Tribo da Caverna do Urso (The Clan of the Cave Bear) é uma produção norte-americana, de 1986, com locações no Canadá, dirigida por Michael Chapman (A Chance) e estrelada por Daryl Hannah (Kill Bill, Blade Runner), Pamela Reed (Um tira no jardim da infância), James Remar (Milagre na Rua 34), Thomas G. Waites (Luz da fama) e John Doolittle (Robocop 2). Durante muitos anos, aqui no Brasil, esse filme foi tido como raro, pois havia sido lançado apenas em VHS pela Globo Filmes. Em 2008, eis que finalmente teve seu debut em dvd.
Nesse filme, vemos a saga de Ayla (Daryl Hannah), uma Cro-Magnon órfã que é criada por uma tribo Neandertal. Como Ayla é diferente (o que fica bem nítido pela sua aparência e inteligência), é sempre vista como uma “ameaça” dentro do grupo, principalmente aos olhos de Broud (Thomas G. Waites), o filho do chefe e futuro candidato a líder da tribo. No entanto, Ayla conta com a ajuda e o carinho do feiticeiro Creb (James Remar), juntamente com a irmã dele, Iza (Pamela Reed), para se adaptar aos costumes Neandertais.
Ayla é ousada e não aceita a submissão forçada a Broud, que a estupra frequentemente para mostrar a sua posição de superioridade.
Assim, ela observa o treino dos homens e tem curiosidade de aprender a manusear armas, quebrando um tabu da tribo, para a qual uma arma tocada por uma mulher perdia a sua “força”. Ayla começa a treinar escondida, e logo mostra domínio e destreza com a funda. Por exercer uma atividade masculina é condenada à “morte silenciosa” e é expulsa da tribo, mesmo esperando um filho de Broud. Tem o bebê sozinha e passa a caçar para se alimentar. Porém, o instinto materno fala mais alto e ela resolve voltar à tribo durante um inverno rigoroso, procurando melhores cuidados para o bebê, que após uma recepção não muito calorosa, é aceito como membro e recebe o nome de Durc. Ayla permanece na tribo como curandeira e como “a mulher que caça”, vivendo sem nenhum companheiro. No entanto, quando Broud expulsa Creb da tribo, Ayala o desafia e é travado um embate corpo-a-corpo. Ayla o vence e percebe que é o momento de seguir o seu próprio caminho, guiada pelo espírito do leão, afastando-se daquele povo “primitivo” (tendo deixando uma “semente” entre eles) para fazer nascer um amanhã mais promissor junto aos seus, o “Outro Povo”.
O filme apresenta uma visão feminista e imperialista, sendo os Cro-Magnon uma metáfora dos norte-americanos que, por serem “mais inteligentes, espertos e independentes”, conseguem se firmar perante os outros povos. Tema bastante apropriado ao contexto da Guerra Fria, em especial, por se inserir durante o governo de Ronald Reagan.
Quanto às questões técnicas, há um cuidado todo especial com os gestos, com o figurino e com a maquiagem. O som é caracterizado por “barulho” de acidentes naturais e rugidos de animais. Em se tratando da música, em geral, o que predomina são instrumentos de percussão, cadenceando os momentos de tensão dentro da história.
Esse filme é uma adaptação do romance homônimo de Jean Marie Auel, escritora norte-americana, nascida em 1936. Depois de se formar em Administração pela Universidade de Portland, Auel teve a ideia de escrever a história de uma menina, Ayla, a qual vivia em meio a um povo diferente dela. Após dois anos de pesquisa sobre a pré-história, Auel escreveu The Clan of the Cave Bear, que só foi publicado em 1980, tornando-se um best seller e sendo traduzido para várias línguas. Esse foi o primeiro de uma série de cinco livros (a coleção foi batizada de Earth´s Children Series – Série das Crianças da Terra): The Valley of the Horses (1983), The Mammoth Hunters (1985), Plains of Passage (1990) e The Shelters os Stone (2002). Auel ganhou inúmeros prêmios literários por essa coleção.
O roteiro foi assinado pela própria Auel junto com John Sayles (As crônicas de Spiderwick).
A Tribo da Caverna do Urso foi a segunda incursão de Michael Chapman atrás das câmeras. Sua estreia veio com A Chance (All the Right Moves, 1983), filme com Tom Cruise e Lea Thompson. Após esses dois filmes, dirigiu Annihilator e The Viking Saga, mas como não foi bem visto pela crítica, Chapman decidiu retomar sua carreira como diretor de fotografia, que tem como marco Touro Indomável, um belo trabalho em preto-e-branco, dirigido por Martin Scorsese.
Apesar de não ser um filme ícone como A guerra do Fogo (The Quest for Fire, 1981), A Tribo da Caverna do Urso merece ser revisto e a voltar a ser exibido e discutido nas universidades, especificamente nos cursos de História e Antropologia.
Ficha técnica:
Título Original: The Clan of the Cave Bear
Direção: Michael Chapman
Ano: 1986
Duração: 93 min.
País: EUA
In truth, immediately i didn’t understand the essence. But after re-reading all at once became clear.
Ventego, to really understand Ayla´s saga you need to watch this film or read the books. If you like pre-history and antropology I guess you would enjoy them.
Adorei a saga, não pretendo ver o filme pois prefiro a minha mentalização da figura de Ayla. O primeiro livro certamente é o mais marcante, mas toda a saga aprisiona o leitor e uma sensação de perda nos envolve quando ela chega ao final. É o tipo de leitura que deveria ser recomendada nos colégios.
Adorei , mas onde conseguimos os filmes?