por Milena Azevedo

Filmes sobre adolescentes e os prazeres e amarguras dessa etapa da vida há aos montes, desde o terno Vidas sem rumo (1982) ao polêmico Kids (1995). No entanto, os filmes norte-americanos de adolescentes, em geral, não focam a relação de pais e filhos de forma tão presente quanto os latino-americanos. Como exemplo, temos o argentino Glue – uma história adolescente no meio do nada (2006), de Alexis dos Santos, e o brasileiro As melhores coisas do mundo (2010), da Laís Bodanzky.

Arrisco até a afirmar que As melhores coisas do mundo é um dos mais completos retratos sobre a adolescência atual, pois repagina os clichês do gênero e enfoca temas como a separação em decorrência da “saída do armário” do pai; os preconceitos e tabus que existem dentro do colégio; os espaços privados que se tornam públicos, ampliando a crueldade do bullying; a ingenuidade dos sentimentos intensos que leva à dramatização da dor; e um adolescente que vê tudo isso e precisa tocar os acordes certos para não desafinar.

Mano (Francisco Miguez) sonha em ser um guitarrista famoso, mas precisa estudar violão, enamora-se pela “piriguete” do colégio, não entende a decisão do seu pai e relata tudo o que lhe acontece à sua amiga Carol (Gabriela Rocha), que por sua vez caiu de amores pelo professor de Física (Caio Blat). Enquanto desmorona a relação de seu irmão, Pedro (Fiuk), com a namorada, Mano tenta ajudar a sua mãe (Denise Fraga) a tocar a vida e ainda tem que fazer média com seus amigos. Aos poucos Mano vai se dando conta de que as desilusões e decepções estão lhe abrindo as portas para o amadurecimento e a felicidade.

O sucesso de As melhores coisas do mundo, além da mão certeira da Laís Bodanzky, é o roteiro, assinado por Luis Bolognesi, que adaptou a série de livros “Mano”, de autoria de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, retratando de forma honesta a realidade da adolescência urbana de classe média brasileira.


Vencedor da 14ª edição do CinePE, As melhores coisas do mundo foi um dos filmes selecionados para a lista que indicará o concorrente brasileiro a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2011.

FICHA TÉCNICA

Direção: Laís Bodanzky

Ano: 2010

Nacionalidade: Brasileiro

Gênero: Drama

Duração: 104 minutos